segunda-feira, 28 de maio de 2018

Bem, ressuscitei o antigo blog. Na verdade, recriei com o mesmo nome, pelo simples falto de que o anterior (com a singela diferença das maiúsculas em A Vida e a Época de Gregor Samsa) já é história. Muita coisa ali não corresponde ao que eu penso hoje e sim, é claro que isso faz parte da nossa mudança constante. Mas já que é para voltar à essa plataforma, vamos ao mais divertido: criar um blog novo. O velho está aí listado, se alguém tiver alguma curiosidade.

O Facebook há tempos ficou chato. Como todo bom usuário do Facebook, é preciso dizer isso. A questão é que os blogs nos colocavam em um universo pessoal e focado, me parece. Com alguma subjetividade ao menos um pouco resguardada pelo foco de não ter um feed de notícias passando com um menu de discussões a seu dispor, mais uma barra de bate-papo mostrando os amigos online para requisitar ou ser requisitado. Não tenho foco. Sou disperso e muitas vezes ajo meio randomicamente.

Começar um post no Facebook é uma somatória eterna dos riscos de já prever as discussões, de cutucar, de "pedir biscoito" (esse termo é extensível à todo tipo de militância ou classe, no sentindo de dar a impressão que sua opinião só quer agradar determinada audiência), de pregar para convertido, falar mais do mesmo, escrever com seus contatos te olhando por cima dos ombros. Nos últimos tempos o número de posts apagados supera em dez para um (pelo menos) os publicados. E por que? Primeiro porque minha opinião muitas vezes não soma nada ao que já li no meu feed sobre o assunto. Por que não compartilhar, simplesmente, ao invés de dizer a mesma coisa com outras palavras?  Depois porque, se não há paciência para discutir, nem comece. E às vezes dá preguiça realmente. Há outros motivos aqui e acolá, mas em resumo isso já dá um panorama.

Aí pensei: aquela história de blog era legal. Você escrevia sem a esperança exata de virar um grande debate, criando um texto que deveria ter algo próximo a uma vida independente de curtidas, compartilhamentos, discussões e tal. No mínimo, um exercício. Para quem começou três peças de teatro que estão inacabadas, pode ser uma maneira de provocar alguma coceira no cérebro, ou doer um pouco os dedos. Vai que ajuda.

Mas voltando ao Facebook. Me dá uma certa preguiça a questão política atual. Como o discurso de ódio chega e torna algumas coisas indiscutíveis. Vira questão de fé, ou de torcida. Dificilmente nos colocamos em um lugar de ouvir o outro e refletir nossas crenças, e o radicalismo impera onde poderia funcionar uma troca real de pontos de vista. Não, não incluo aí discurso de ódio, preconceito disfarçado de "opinião", nem o orgulho vaidoso de uma ignorância retrógrada que prevê algumas regras baseadas nos bons costumes. Dessa linha para cima, ok, poderíamos rever mais conceitos sim. Mas só dessa linha para cima.

Isso posto, estamos aí. Vamos ver se aparece fôlego e paciência para o blog ocupar o tempo e o espaço do Zuckerberg.

Um comentário:

Aura

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